LEAN NA SAÚDE NO BRASIL - O maior desafio em mais de 30 anos de carreira

Por José Ricardo Vilela – Sócio Diretor da Experimental

Publicado em 30 de setembro de 2022

Depois de mais de 30 anos de profissão e trabalho em grandes empresas, diversos treinamentos recebidos por técnicos da Toyota Japonesa, Consultoria Shingui Jutsu, cursos de Pós-graduação, MBA na FGV e Mestrado no ITA, após passar por muitos desafios nas empresas que trabalhei, me deparo com algo realmente difícil!

Em 2021, com toda equipe da EXPERIMENTAL decidimos em nosso Planejamento Estratégico entrar na área da Saúde pensando em fazer Consultoria, que é a nossa paixão e implantar um modelo de gestão utilizando os conceitos do LEAN e do ACE (Achieve Competitive Excellence), que é o que existe de melhor no mundo da gestão.

Nossa ideia com este modelo de sucesso comprovado, que envolve as pessoas, que organiza a gestão, que define e mede padrões de Excelência e que gera melhorias na ordem de 30% a 50% era poder ajudar as pessoas a se tratarem. Naquele momento, parecia ser a decisão certa.

Acreditávamos em reduzir o tempo de permanência dos pacientes nos hospitais, nas UTIs, melhorar o atendimento da saúde primária, reduzir as filas, as falhas de diagnósticos e cirurgias, gerar um atendimento de Excelência à população e gerar lucro aos hospitais possibilitando novos investimentos.

Infelizmente, o que nós temos presenciado nesse setor é uma tragédia, diversos hospitais em situação financeira muito delicada, médicos e enfermeiros desmotivados por não conseguirem realizar seus trabalhos corretamente, além do risco de sofrerem um processo judicial, salários atrasados, executivos, proprietários e líderes despreparados, nenhum modelo de gestão implementado, altíssimo número de falhas, falhas em cirurgias, falhas em derrubar pacientes do leito, falhas de óbito por bronco aspiração (engasgar com vômito), falhas de infraestrutura básica como uma maternidade sem ultrassom, falhas de falta de medicamentos com o médico indicando um substituto que não substitui, falhas logísticas com equipes esperando 45min na fila da farmácia interna do hospital, falhas, falhas, falhas e falhas.

Uma grande maioria dos hospitais nem mede corretamente para não mostrar o que realmente tem ocorrido, paciente SUS com idade de 72 anos tendo em sua ficha “Óbito esperado” sem nenhuma análise de causa..., sem padrão de atendimento, sem controle, sem indicadores, sem processos definidos, sem planos de ação, sem liderança, enfim um verdadeiro “show dos horrores”, como uma médica me relatou.

Opa! Seria uma ótima oportunidade para uma Consultoria como a nossa, não?

Decepcionante! Os hospitais e as prefeituras não estão interessados em pagar uma Consultoria. Muitos acham que a nossa vasta experiência em empresas não serve para setor da saúde, outros não tem interesse para não quebrar toda a rede emaranhada de benefícios, onde aparelhos no hospital e ou setores são terceirizados pelos próprios médicos, acarretando exames em excesso, internação em excesso etc., e com isso gerando benefícios a toda uma comunidade interessada no “dinheiro no bolso” e os pacientes continuando a pagar os seus impostos para receber um bom atendimento.

Na saúde primária fizemos uma análise e uma proposta inicial muito simples, conforme explicamos a seguir.

Situação Atual = Lead Time da Saúde Primária em uma cidade do interior:

Vemos aqui 18 etapas no processo. No Brasil temos falta de médicos capacitados e o processo indica pulverizar médicos fazendo visitas às famílias, um absurdo! Tempo médio entre 6 meses e 10 meses para solução do problema do paciente, e encontramos muitos pacientes com 24 meses ainda lutando para ser atendido.

Nossa Proposta = Criar um POUPA TEMPO DA SAÚDE (Nada de novo!!!)

Com essa sugestão podemos ter um atendimento concentrado (em um só local) para os pacientes, bem gerido, com 1 gestor, triagem e agendamento via internet, com toda infraestrutura no local, consultas, especialidades, junta médica, laboratórios, farmácia e gestão, tudo no Poupa Tempo da Saúde. Pacientes bem atendidos, redução no processo de 18 para 4 etapas e um tempo máximo de 1 mês para solução dos problemas.

Enfim, nós continuamos lutando, mas o Brasil precisa crescer e amadurecer, pensar nas pessoas, nas próximas gerações, pensar na comunidade e eliminar o egoísmo instalado.

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